sábado, 2 de outubro de 2021

Entrevista com Cássio Forcignanó, autor do livro Separatismo Paulista

02/05/2014

1 – Há quanto tempo você se dedica à militância separatista e ao estudo da causa?


Recordo-me que quando eu tinha 13 anos lendo sobre a chamada “Revolução Constitucionalista” meu pai me disse que São Paulo poderia ter se tornado um país, creio que ele estava equivocado na forma que contou a história, pois afirmou que São Paulo, isto é, o povo e governantes queriam a independência na época. Hoje sabemos que não era bem assim e como hoje os políticos e parte do povo achava que algumas reformas seriam o suficiente e como hoje imaginar que a política econômica do PT ou os partidos de esquerda são os culpados da situação de “último mundo” que o Brasil se encontra, o que não é verdade, pois o que chamam de país sempre foi uma piada de péssimo gosto.

2 – O que te chamou a atenção e acabou a te levar por esse tema?

Na verdade o que me chamou a atenção oi justamente perceber que a vontade de se separar ocorreu muitas vezes na história de São Paulo, mas o tema é pouco debatido.

3 – Você escreveu o último livro lançado em São Paulo sobre a questão do separatismo, depois de um vácuo de quase vinte anos. Como você procedeu na pesquisa para esse livro? O trabalho com as fontes relacionadas ao separatismo paulista é farto ou existe escassez de fontes sobre o tema?

Ainda existe escassez de fontes, mesmo com a publicação de algumas obras. Eu analisei livros sobre o tema e posso dizer que aproveitei a chamada “história oral”, porém tomei o cuidado de não escrever sobre fatos que careciam de fontes.

4 – Nessas pesquisas sobre o separatismo, quais os momentos que você destaca como sendo os mais marcantes na história do separatismo paulista?

Olha embora a década de 90 não seja lembrada creio que foi um momento muito importante, a queda do muro e o surgimento de movimentos separatistas no leste europeu, além da crise que o que chamam de Brasil vivia por grande parte por culpa da mídia e da elite “brasilóide” que colocou um aventureiro no poder, vindo de um partido fraco praticamente sem apoio e também sem jogo de cintura para costurar alianças deixou claro as fragilidades do país . Novamente os donos da mídia mandaram o povo para as ruas mentindo para o povo que o país tinha solução e foi neste momento que pessoas de caráter e com uma visão apontaram que a saída não estava em partidos políticos ou em nomes (infelizmente a cultura partidária não faz parte da maioria do povo que vota em nomes e não na bandeira defendida por partidos, mas no final de contas a maioria dos partidos nem tem ideologia mesmo), mas na separação, veja autonomia pode ajudar, porém o único caminho para São Paulo é se separar do seu algoz ou o Brasil se tornar uma confederação. Aponto então os anos 90 como o ressurgimento do separatismo paulista, mas 1932 foi sem duvida o momento de maior impacto, porém alguns políticos fizeram o possível para calar vozes como do nobre Alfredo Ellis Junior.

5 – Qual o papel histórico que os próceres do renascimento paulista, entre eles o principal de João Nascimento Franco, e de outros como Paulino Rolim de Moura, Clodoaldo Fontanetti, Diva Garcia Cimini, desempenharam em prol da causa?

Foram de grande importância para manter o separatismo paulista vivo no que se diz respeito ao caráter cientifico da Causa , mas acredito que o maior legado seja que os jovens com o advento da internet possam beber da fonte desses vultos

6 – O que podemos dizer que tenha ocorrido em São Paulo e no Brasil na primeira metade dos anos 1990 que fez com não só separatismo paulista voltasse à baila da discussão, mas o separatismo do Sul e do nordeste?

A mídia não pode mais ignorar que estava ocorrendo um novo (velho) movimento que apontava uma saída viável para as questões para o que chamam de Brasil e como disse Mario de Andrade o separatismo existe em todas as regiões do Brasil ao contrário do que afirmam alguns o separatismo no Nordeste é algo real.

7 – Quais os principais motivos que você coloca para se defender o separatismo Paulista?

São muitos, mas posso destacar econômicos , políticos e culturais.

8 – A separação será boa não só para os Paulistas, mas também para os brasileiros? O que eles ganharão com a secessão?

A política econômica não pode ser uma só para todas as regiões, imagine regiões mais pobres podendo desvalorizar a moeda. Acredito que o sonho de desenvolver alguns estados que foram ajudados no Império e na Republica sem sucesso com a separação esses mesmos estados vão conhecer um período mais prospero, Wanderley já afirmou tal coisa na década de 30 do século passado.

9 – O separatismo pode ser acusado de ser uma ideologia de direita? Isso é mal em si? O que os trabalhadores Paulistas ganham permanecendo amarrados ao sistema brasileiro?

Durante minha pesquisa percebi que a maioria que apoia o separatismo é de direita, contudo não posso afirmar que seja um movimento de direita. Os trabalhadores paulistas só perdem com a união, pois se torna fácil “importar” mão de obra de outras regiões.

10 – Quais os desafios para atrairmos mais pessoas para a causa separatista? Por que hoje muitos se mostram apáticos pelo tema?

Primeiro debatendo o separatismo, mas também divulgando não apenas na internet. Mostram-se apáticos, pois o individualismo é geral no mundo contemporâneo e também por culpa das lideranças (também sou culpado) por não conseguir organizar o movimento, precisamos de lideranças e de um movimento organizado, pois o povo não vai confiar em um grupo de amigos da internet.

Cássio Forcignanó é graduado em História e em Filosofia. Diretor do MSPI.



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