sábado, 2 de outubro de 2021

Sobre fronteiras e ideias




JÚLIO BUENO

O mundo contemporâneo é pródigo em produzir doutrinas e ideias sobre a sociedade, cuja as consequências das mesmas sobre o tecido social nem sempre são levadas em consideração por aqueles que as formulam. É uma espécie de narcisismo intelectual ou egocentrismo social, típicos dos tempos histéricos em que vivemos.

Uma ideia, que embora não é possível afirmar que seja recente, é a do mundo sem fronteiras. "Um só povo, uma só nação", diz um trecho do hino angolano, inspirados nos ideias socialistas daqueles que empreenderam a revolução de libertação daquele pedaço do Continente Africano, em relação à Portugal. Embora nesse caso estejam os angolanos falando de sua realidade local, concreta, essa pequena frase não deixa de ser reveladora, enquanto demonstrativa do pensamento concreto da aplicação máxima e mais radical das duas principais teorias políticas, o liberalismo e o socialismo, respectivamente a primeira e a segunda teorias políticas.

A palavra nação tem um uso generalizado e ampliado apenas dentro do contexto histórico da Contemporaneidade. É uma noção, um conceito, posterior a Revolução Francesa, que foi exitosa na confecção de termos e paradigmas para a compreensão da realidade social e política.

Uma generalização que afirmar que todo liberal, é, por essência, um defensor do fim das fronteiras e da conseguinte mundialização, é uma afirmação leviana, embora, a realidade mostre que entre os grupos liberais, aqueles que acreditam na função perene das fronteiras, como guardadoras das identidades sociais, do patriotismo real, são mais do que a minoria, e talvez, o local mais adequado desses que assim pensam, de fato, não deva ser entre os liberais.

O socialismo foi sempre alardeado, por suas vertentes majoritárias, como portador da mensagem de salvação do trabalhador internacional. E, nesse sentido, nada mais antipatriótico do que o socialismo. Aqui também estamos no mesmo chão escorregadio em que se encontra o problema das fronteiras entre os liberais. Via de regra, fronteiras são meras construções históricas prontas para serem demolidas pela revolução proletária universal.

As fronteiras são as formações espontâneas ou determinadas, pela ação de um povo, e cuja a função é justamente ser sua proteção formal, ser a sua capa, ser sua primeira barreira, na sobrevivência do próprio corpo histórico e social que é a nação, contra aqueles que são seus inimigos. Um mundo sem inimigos não existe. É um simulacro no qual se acredita, mas que não passa de constante exercício de destruição da pátria por seus inimigos.

Qualquer ação separatista Paulista carece, necessariamente, do patriotismo real. Segundo o pensador Ernesto Milá "a 'pátria' é a 'terra dos pais', liga com um passado que se quer projectar para o futuro", logo, o patriotismo nada mais é do que o instinto de proteção natural de um povo, em defesa contra a sua deformação e a sua destruição. Os valores de nossos pais, são os valores dos gigantes Bandeirantes. São os valores de liberdade do revolucionário de 1932. São os valores dos Paulistas que, para não se sujeitarem ao peso da Coroa já então considerada estrangeira, aclamaram Amador Bueno como o rei dos Paulistas.

Não podemos deixar que entre nós prospere aquilo que mais nocivo há no pensamento. As ideias tem consequência. Não permitiremos que essas consequências signifiquem a destruição da Pátria Paulista.

É fundador do Movimento São Paulo Independente.

Publicado originalmente em 23/11/2013

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