Nayla Carvalho 31 Out 2014 16h17 atualizado em 01/11/2014 às 17h03
O presidente do Movimento São Paulo Independente disse que o separatismo não é novidade, mas o resultado da votação despertou esse sentimento em muitas pessoas.
Gráficos disponíveis em páginas do Facebook mostram um aumento significativo no número de seguidores de grupos separatistas após o dia 26 de outubro, quando foi definido o resultado do segundo turno das eleições presidenciais do Brasil. Em entrevista ao Terra, Júlio César Bueno, 24 anos, presidente do Movimento São Paulo Independente (MSPI) desde o ano passado, disse que o resultado da votação despertou o sentimento de separatismo em eleitores do Sul e do Sudeste do País.
O número de seguidores do MSPI subiu a partir do dia 25/10.
Apesar de a “divisão” do Brasil ter sido desmistificada pelo historiador econômico Thomas Conti, dados da rede social apontam que a página do MSPI ganhou 17,7 mil novas curtidas ao longo desta semana, o que representaria um crescimento de 267,3%. O Movimento O Sul é o Meu País chegou a atingir cerca de 273% de aumento no número de seguidores. De acordo com os gráficos disponibilizados pelo site, os maiores índices foram alcançados no dia seguinte às eleições.
“Ficou muito claro, pelo resultado final, que Dilma Rousseff teve uma votação muito mais expressiva em Estados e regiões que são mais atendidos por programas sociais. O Sul e o Sudeste, e ainda mais especificamente São Paulo, votaram massivamente em Aécio Neves. Não porque ele fosse o melhor, mas porque ele era a alternativa contra o PT. São Paulo repudia o PT. Como a população votou contra o partido e viu seu candidato não ser eleito, esse sentimento de independência passou a ser despertado em muitos paulistas”, afirmou Júlio, que é professor de história na rede estadual. O líder do MSPI acrescentou que, no Sul, o movimento separatista é um pouco mais organizado.
O movimento, que se diz “extrapartidário”, negou que tenha feito qualquer tipo de campanha para o candidato do PSDB. “Em momento algum. Também não pregamos em nossa página o voto anti-PT. Tentamos mostrar que nenhum deles era o ideal para São Paulo, mas é evidente que, entre os nossos adeptos, a maioria votou contra o PT”, explicou.
Quanto à postura do grupo como oposição nos próximos anos de governo de Dilma Rousseff, Júlio afirmou que o MSPI vai defender a democracia. “A gente precisa de um sistema democrático no Brasil para que o nosso movimento seja bem sucedido. Nosso receio é que o PT venha, neste governo, se encaminhar para um regime populista. Com as mudanças constitucionais que estão sendo propostas, tememos que o PT instale algo parecido com o bolivarianismo. Não acredito que vire uma Venezuela, mas seria um regime mais demagogo”, opinou.
O presidente do movimento rebateu acusações sobre preconceito e disse que a posição do grupo “de maneira alguma tem a ver com discriminação de origem”. “Não temos motivo para discriminar. O que queremos é poder governar em paz, que o Estado seja independente, mantendo relações diplomáticas com os demais”, afirmou. O professor alegou que São Paulo é responsável por 40% da arrecadação federal, porém, apenas 10% retorna à unidade federativa como investimento. Para Júlio, as demais regiões do Brasil só começarão a crescer quando o território paulista se separar. “Os estados pobres precisam aprender a caminhar com as próprias pernas”, finalizou.
Algumas páginas que também registraram crescimento maior a partir do dia 26 foram: Movimento República de São Paulo (8 mil novas curtidas, alta de 79,9%), a comunidade Separatismo (874 novas curtidas, alta de 1.680,8%), O Rio é o Meu País (1,8 mil novas curtidas, alta de 4%) e Estados Aliados de São Paulo (985 novas curtidas, alta de 119,9%). O Terra tentou contato com outros grupos, além do MSPI, mas, até a publicação desta matéria, não obteve resposta.
Esta matéria também foi sugerida pelo leitor Nícholas Bié Baptista da Silva, de Santa Bárbara d'Oeste (SP), por meio do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui ou envie pelo aplicativo WhatsApp, disponível para smartphones, para o número +55 11 97493.4521.
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