Grupo milita pela separação do Estado do restante do País e culpa governo pela atitude extrema
O MSPI (Movimento São Paulo Independente), que luta pela separação do Estado do restante do Brasil, tem feito encontros pela capital e chamado a atenção para suas ideias.
O último encontro aconteceu neste domingo (25), quando cerca de 20 pessoas fizeram uma ato no Parque Ibirapuera, zona sul de São Paulo, em prol da independência. O movimento conta com 50 membros oficiais e quase 27 mil seguidores no Facebook.
Porém, o grupo tem recebido diversas críticas, entre elas de ser um movimento preconceituoso e que prega ideias inconstitucionais. Para o porta-voz do movimento, o jornalista Luiz Eduardo Giaconi, as críticas não passam de preconceito e de "desconhecimento de causa".
Apesar da tentativa de separação de qualquer Estado ser crime contra a União, o MPSI se respalda na liberdade de expressão para lutar por suas causas.
Leia a entrevista abaixo.
R7 - Por que e quando o movimento surgiu?
Luiz Eduardo Giaconi - O primeiro movimento separatista paulista teve origem em 1641. Foi provavelmente o primeiro do tipo na América inteira. Por exemplo, precursor em 135 anos da declaração de independência dos EUA. Ainda tivemos movimentos fortes no século 18 e em 1932. O movimento atual ressurgiu nos últimos anos, devido à insatisfação de parte da população que não se sente representada no atual modelo de país que o Brasil se tornou, e se vê extremamente prejudicada economicamente no nosso atual sistema federativo. Atualmente, existem movimentos de separação em praticamente todos os Estados. Isso é devido ao sistema ter falhado e falido, todos cansaram de sustentar a federação e ver o dinheiro indo exclusivamente para Brasília.
R7 - Quais são as principais críticas que o movimento recebe? Como lidam com elas?
Giaconi - As maiores críticas que recebemos provêm, em sua grande maioria, do desconhecimento da causa e do preconceito, inclusive do preconceito contra os paulistas. Lidamos com essas críticas explicando as nossas motivações, contando a história de nossa causa e mostrando como todos os paulistas, sejam eles de nascimento ou de adoção, se beneficiariam com São Paulo Independente. Lidamos com as críticas fazendo um trabalho sério e sempre aproveitando a oportunidade para mostrar a nossa verdadeira mensagem, que não é racista, preconceituosa ou bairrista. Mostramos a verdade sobre o que queremos e o que somos. E assim conseguimos desmentir críticas mal intencionadas.
R7 - Quantas pessoas estão no movimento?
Giaconi - Atualmente contamos com cerca de 26 mil seguidores no Facebook, mais cerca de 50 membros filiados participantes e o mesmo número de colaboradores não filiados, além da nossa diretoria. A filiação de novos membros é sempre aberta ao público.
R7 - É um movimento ligado a algum partido?
Giaconi - Não somos ligados a nenhum partido ou grupo ideológico. Temos integrantes das mais diversas origens e ideologias e não discriminamos o debate de ideias entre nossos membros. Somos abertos a todos aqueles que simpatizam com a soberania paulista, independente do indivíduo preferir o azul ou o vermelho. Somos um movimento separatista. Nada mais do que isso.
R7 - O grupo não tem medo de ser visto como preconceituoso?
L.E.G. - Não, pois não somos. Aceitamos apoios e membros de todas as origens, etnias, credos, opções de vida e interesses pessoais. Incentivamos a participação de todos que estejam fartos do atual modelo de país e queiram uma opção melhor, com São Paulo independente.
R7 - Quais os reais benefícios numa suposta separação de São Paulo do restante do País?
Giaconi - Os benefícios são tantos que mereceriam um livro inteiro para que pudessem ser melhores descritos. Destacando os dois principais, temos a questão econômica e a questão política, ambas intimamente ligadas. Do ponto de vista econômico, uma República de São Paulo não veria mais de 94% dos impostos recolhidos sendo gastos fora das suas fronteiras. Fora outras questões menores sobre o tema. Do ponto de vista político, uma República de São Paulo poderia decidir suas próprias leis, códigos civil e penal, legislações sobre os mais diversos temas, sem depender da letargia ou da autorização de Brasília. Seríamos realmente donos do nosso próprio destino.
R7 - Na página do Facebook de vocês há uma publicação que diz: "Não seja mais otário". Por que o movimento acredita que os paulistas são “otários”?
Giaconi - Não acreditamos que os paulistas ou qualquer outro integrante da Federação sejam otários. A postagem referida apenas mostrava graficamente o absurdo que é cometido contra todos nós, todos os dias, em termos de arrecadação que não retorna.
R7 - Quem vocês acreditam que poderia ser um possível presidente para São Paulo?
Giaconi - Qualquer um que, em uma futura República de São Paulo, venha a ser eleito democraticamente pela maioria dos nossos eleitores. Não temos nomes, nem preferências pré-definidas. Muito menos fazemos exercícios de futurologia política.
R7 - Em uma entrevista à Veja São Paulo, o presidente do movimento chama regiões de “atrasadas” e “parasitas” de São Paulo. Essa é a visão do movimento exatamente de quais regiões?
Giaconi - Certas afirmações dadas à Veja SP foram tiradas de contexto ou exageradas com a finalidade de criar um maior conflito jornalístico. A visão do Movimento São Paulo Independente é a de que na atual situação, São Paulo serve como colônia extrativista da metrópole Brasília. Nos retiram quase tudo e nos fazem mendigar por migalhas. Somos parasitados pelo governo federal.
R7 - O grupo cogita se unir com outros Estados limítrofes numa campanha de desmembramento do País?
Giaconi - O grupo não planeja se unir a grupos de outros Estados, sejam eles limítrofes ou não. Nosso interesse é São Paulo e apenas São Paulo. Temos com grupos de outras localidades uma afinidade contra o nosso adversário comum e uma troca de informações, experiências e ideias para desenvolver causas semelhantes e paralelas, seja no Sul, Pernambuco, Acre, Rio de Janeiro ou qualquer movimento autonomista local nacional ou estrangeiro que nos procure.
R7 - Como vocês lidam com a possível tentativa real de separação ser inconstitucional e criminosa, segundo a lei?
Giaconi - Segundo a nossa Constituição, liberdade de expressão é cláusula pétrea. Manifestamos nossa liberdade de expressão afirmando e promovendo pacificamente a ideia de que São Paulo estará melhor livre do Brasil. A Carta da ONU (Organização das Nações Unidas), à qual o Brasil é signatário, garante o respeito às individualidades e a autodeterminação dos povos.
R7 - Há algum planejamento de como seriam as relações comerciais e políticas com os então países vizinhos?
Giaconi - Qualquer planejamento nesse sentido é um exercício de futurologia. O que podemos afirmar é que São Paulo sempre buscará manter as melhores relações possíveis, sejam elas comerciais, jurídicas e diplomáticas com qualquer país, seja nosso vizinho ou não, baseado principalmente nos nossos interesses coletivos, não na ideologia do governante do momento.
R7 - Se São Paulo virar um país, vocês pensam em problemas como uma nova tributação que poderia onerar ainda mais o consumidor paulista que passaria a comprar produtos e matéria-prima importados?
Giaconi - Os problemas da tributação sobre importados advêm da legislação tributária brasileira. Não há porque imaginar que, com São Paulo independente, a nova República siga o mesmo modelo caótico e desfavorável aos negócios e aos consumidores como o atual, que Brasília nos obriga a seguir. Podemos dar o exemplo da Nintendo [marca de vídeo games], que encerrou suas atividades no Brasil, graças às leis brasileiras. Ou da IKEA, que se recusa a abrir lojas aqui pelo mesmo motivo. Lutamos e lutaremos para que a República de São Paulo trilhe o caminho do desenvolvimento econômico sustentável e tenha um bom ambiente de negócios para todos, com segurança jurídica, e atraindo investimentos externos.
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