O perfil dos paulistas quem o traça com fidelidade e precisão é o governador português Antonio Paes de Sande, que escreveu em 1692: “São briosos, valentes, impacientes da menor injúria, ambiciosos de honra, amantíssimos da sua pátria, benéficos aos forasteiros e adversíssimos a todo ato servil, pois até aquele, cuja muita pobreza lhe não permite ter quem o sirva, se sujeita antes a andar muitos anos pelo sertão em busca de quem o sirva, do que a servir a outrem a um só dia”.
Haviam sido benéficos aos forasteiros, escreveu Paes de Sande. E é o que depõe o capitão-mór Silva Pontes, que examinou e completou os apontamentos de Bento Fernandes: “Os aventureiros que concorriam às Minas, vindos de vários pontos do Brasil, e de algumas províncias de Portugal principalmente, eram tão pobres que conduziam às costas quanto possuíam. Graças, porém, à caridade dos paulistas, logo que entravam, uns achavam cama e mesa nas casas destes descobridores: outros recebiam o mantimento somente; mas todos eles obtinham introdução nas lavras, até que ajuntando se habilitassem para viverem às suas expensas”. E tudo isto que valeu? A paga à bondade, à “caridade dos paulistas”, aí estava. Os aventureiros reinóis os espoliaram. Foi muito, mas não foi tudo. Davam mostras de que não viveriam nunca sob o jugo da raça nova. Humilhação sujeitar-se a um poder que não português.
Os nacionais “impacientes da menor injúria, ambiciosos de honra, amantíssimos da sua pátria”, castigarão a audácia. Na linguagem popular dos mineiros paulistas a designação forasteiro passa à sinonímia de adversário. Os portugueses e os seus aliados são os Emboabas.
FONTE:
MELLO, J. S. Emboabas. São Paulo: Governo do Estado, 1979, p. 40-42.
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