Ainda um fator de caracterização de São Paulo em face de outras cidades grandes brasileiras - do ponto de vista da composição racial e de traços de cultura - foi a contribuição de espanhóis a formação da população do planalto. Isso desde os primeiros tempos e acentuadamente a partir de 1580, quando Portugal passou ao domínio da Espanha, falando-se então em São Paulo, ao lado da "língua geral", coisa, no carácter e nos costumes dos Paulistas - observou o viajante Rugendas - pode ser explicada pela contribuição do sangue espanhol. Referia-se o desenhista alemão à simplicidade dos costumes Paulistas e à ausência de luxo, mesmo entre as suas classes elevadas. E ainda ao fato de que entre os Paulistas a música, a dança e a conversação substituíam o jogo, que era um dos divertimentos principais em outros núcleos urbanos brasileiros, onde seguiam, nesse ponto, "os hábitos portugueses e ingleses, ao passo que os Paulistas conservaram as tertúlias da Espanha". Por outro lado, Ferdinand Denis, referindo-se a província de São Paulo em torno de 1837 observou a semelhança de sua capital com certas cidades da Andaluzia. Em parte, talvez, impressionado com os trajes das mulheres das classes mais abastadas, que usavam na época vestidos de sarja de Málaga e mantilhas de pano fino com largas rendas de retrós. Traje pitoresco ainda em meados do século por algumas Paulistas de distinção, no dizer de Bernardo de Guimarães, "enquanto que as escravas e as mulheres de baixa classe" usavam embrulhar os ombros e a cabeça em dois côvados de pano ou baeta.
Do primeiro volume do livro "História e Tradições da Cidade de São Paulo".
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